A incidência dos casos de pedofilia (abuso sexual) é maior em relação a crianças que vivem em posição social desfavorável, ou seja, de baixa renda. Para estas vítimas, existe uma dificuldade mais acentuada em relação ao acesso à justiça, quando comparadas com outras crianças e adolescentes de situação econômica distinta.
Na obra intitulada O Estrangeiro, Albert Camus narra também a ideia de acesso à justiça que vai muito além do acesso ao judiciário através da história de Mersault. Neste contexto, o autor chama atenção para algumas características que constituem obstáculos ao acesso à justiça e que podem ser trazidas para a questão da pedofilia.
A precária situação econômica do indivíduo, o predomínio da linguagem jurídica rebuscada e inacessível ao leigo, a decadente estrutura da Defensoria Pública diante da demanda por atendimento judicial e principalmente o déficit na educação, impedindo que o indivíduo conheça os seus direitos e opte por salvaguardá-los, além de não saber a quem recorrer. Todas estas questões estão atreladas a resistência em relação acesso à justiça e estão presentes na realidade social da maioria dos indivíduos vítimas do abuso sexual.
Assim sendo, apresenta-se viável e extremamente necessária a atuação de entidades que promovam políticas públicas de assistência psicológica, jurídica, social e informativa. Tais mecanismos certamente aproximarão a vítima do acesso à justiça para que seja adequada a forma com que o processo será conduzido.
CAMUS,Albert. O Estrangeiro. tradução de Valerir Rumjanek. 31ª edição. Rio de Janeiro: Record. 2010.
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